MÉDIA CENTER => Portuguesa => Música => Compilações => Tópico iniciado por: fraty em 25 de Agosto de 2015, 14:44
Título: [CD] Rapública (1994) *fraty*
Enviado por: fraty em 25 de Agosto de 2015, 14:44
Rapública (1994) *fraty*:guit:
(http://i.imgur.com/B2Y3VOb.jpg)
:info:
Album : Rapública Interprete : Vários Ano : 1994 Género : Hip-Hop\Rap\Reggae Ficheiros : 14 Codificação : MP3 Velocidade de Bits : 320 Qualidade : Boa Extras : Sim
:tracklist:
01 - Black Company - Nadar 02 - Zona Dread - Putos da Rua 03 - Funky D - Minha Banda 04 - Boss AC - A Verdade 05 - New Tribe - Palavras 06 - Zona Dread - Só queremos ser iguais 07 - Funky D - É natural 08 - Boss Ac - Generate Power 09 - Black Company - Psyca Style 10 - Lideres da Nova Mensagem - Rap é uma potência 11 - Lideres da Nova Mensagem - Sê tu mesmo 12 - Family - Hip hop está no ár 13 - Family - Rebola bô corpo 14 - New Tribe - Summer Season
As palavras são do David Pinheiro da Mesa de Mistura (o seu a seu dono). Faz agora mais de vinte anos que Rapública foi editado pela Sony o que é o mesmo que escrever que a história editorial do rap português nasceu aí. Já se rimava nas ruas, General D já fora convidado dos Pop Dell’Arte numa colagem entre rave e hip hop chamada MC Holy de 1992 mas foi com a colectânea que então sintetizava e projectava um movimento nascido nas ruas que se lançou a primeira pedra no mesmo ano em que saíram os primeiros EPs de General D (PortuKKKal É um Erro) e Da Weasel (More Than 30 Motherfu**cks). Há duas décadas, saía também o transformador Viagens de Pedro Abrunhosa e Gabriel O Pensador era um fenómeno. Estes factores somados contribuíram para o berço do hip-hop português que até então se manifestava em battles de bairro e em murais de zonas suburbanas (Linha e Margem Sul, sobretudo) através dos primeiros writers. A capa de Rapública não podia ser mais explícita. Uma pintura sobre a área metropolitana de Lisboa denunciava as margens onde o rap nascia. E sem precisar de cesariana! À saída, a colectânea já era um êxito não apenas pelo despertar de um novo som na música portuguesa mas também e principalmente devido a Nadar, canção que ainda hoje resiste no imaginário (não confundir com anedotário) colectivo de gerações. Talvez aquele que ainda hoje é um dos singles mais populares do rap português tenha abafado a restante gera e os próprios Black Company que acabaram ridicularizados pela sobrexposição da música. Aquele que é o nosso The Message acabaria por se transformar num Ice Ice Baby ou num Can’t Touch This. Dois anos depois, a cena repetir-se-ia com o álbum de estreia Filhos da Rua, reduzido à figura de Abreu quando havia mais para descobrir. Rapública era um documento ingénuo mas decisivo para os anos seguintes que valia pela pureza com que então se fazia hip-hop. Nadar catapultou a colectânea para umas muito simpáticas 15 mil cópias vendidas. O tempo das vacas gordas estava para chegar mas a indústria vivia então um momento saudável com uma aposta crescente na música portuguesa, novas rádios (como a Antena 3 e a XFM) e um rejuvenescimento não só de quem criava como de quem comunicava. Até hoje, talvez não tenha havido um momento tão efervescente em que jorrassem ideias permitidas pelos fundos disponíveis. A influência norte-americana dominava então as mentes do hip-hop português. Os grupos chamavam-se Black Company, Family, Zona Dread ou Boss AC e havia até duas canções em inglês. Uma delas daquele que viria a ser o nome maior da geração que então era apresentada – General D e Da Weasel não participaram nesta compilação. A explosiva Generate Power, um portento de flow, com o raggamuffunin’ como motto. Até gravar a melosa Anda Cá ao Papá, já muito inspirada pelo r&b dengoso, AC era uma espécie de Halloween do seu tempo. Um rei do underground que arrastava os mais fiéis e ortodoxos devotos do hip-hop que então consumiam Wu-Tang Clan, Cypress Hill ou Souls of Mischief. Ângelo Firmino (nome real de Boss AC) não seria o único a fazer carreira. Melo D era então uma das vozes dos Family que contribuíam com a mais singular de todas as canções de Rapública: a crioula Rabola Bô Corpo – instrumental básico mas perfeito com o sol do reggae a bater na cara. Um ano depois, “assinava” pelos Cool Hipnoise e participava no Nascer da Soul, o confirmar da expansão das linguagens negras praticamente silenciosas na música portuguesa até 1994. E o croata Marko Roca, mais tarde conhecido como Rocky Marciano, era o D-Mars dos Zona Dread. Em Rapública também havia agenda política (Zona Dread com Só Queremos Ser Iguais, Boss AC com a jazzy A Verdade e Funky D com A Minha Banda) mas não era esse o tema-forte. Em certa medida, o hip-hop português já reflectia a despolitização das gerações pós-25 de Abril e também os discursos dominantes no hip-hop americano como a mensagem positiva da “era dourada” de De La Soul, A Tribe Called Quest e EPMD ou a lírica profunda. A semente estava depositada no corpo da música portuguesa e a melhor notícia é que vinte anos há razões para acreditar numa terceira geração do hip-hop português a nascer. 5-30, MGDRV e Mike El Nite formam, para já, uma cena nascente e nocturna que pode muito bem vir a deixar a sua pegada nos próximos anos. Nostalgia sim, saudosismo nunca.
Título: Re: [CD] Rapública (1994) *fraty*
Enviado por: djlittlebird em 25 de Agosto de 2015, 21:03
Obrigado por esta pérola. :obrigado:
Título: Re: [CD] Rapública (1994) *fraty*
Enviado por: Max.B em 01 de Outubro de 2016, 19:48
Infelizmente o conteudo nao está disponível :\
Título: Re: [CD] Rapública (1994) *fraty*
Enviado por: Tea Street em 12 de Dezembro de 2016, 21:18
Olá fraty, Antes de mais muito obrigado pelas excelentes partilhas :D E agora pedir-lhe se seria possivel reactivar este link. :obrigado:
Tea Street
Título: Re: [CD] Rapública (1994) *fraty*
Enviado por: CPHP800 em 13 de Maio de 2020, 16:22