Há trinta anos, em resultado de uma provocação política, concertada com o governo de então, dois trabalhadores foram mortos, pois as entidades oficiais em favor da UGT pretenderam retirar o espaço habitual dos festejos do 1º de Maio no Porto, a Avenida dos Aliados. Desde então, talvez pelo sinistro exemplo, nunca mais se verificou qualquer violência.
Este ano em resultado de decisões do anterior governo, que o actual maximiza à boleia do processo de desregulamentação laboral em curso, com a conivência do governo, os patrões das grandes superfícies comerciais, animados, decidiram pela abertura de todos os estabelecimentos, pressionando os respectivos trabalhadores, excitando os medos que resultam da fragilidade do respectivo vínculo contratual em que se encontram.
Esta provocação ao significado do feriado 1º de Maio, atesta bem da natureza dos objectivos que os mais poderosos do país pretendem alcançar, mercê da política vigente e da benção de Passos Coelho.
Acresce que a tal provocação se juntou a decisão terrorista do Pingo Doce, a mais de cem euros tudo a 50%, aproveitando da forma mais miserável a situação em que a maioria das famílias se encontram, suscitando os piores comportamentos, cenários degradantes do patamar civilizacional, que apesar de tudo ainda existe na nossa sociedade.
Nunca a Polícia teve tanto trabalho num 1º de Maio. Repare-se que só à conta da CGTP-IN, verificaram-se manifestações em mais de 30 localidades do continente e regiões autónomas, sem que se observasse a qualquer desacato.
Quando há uns meses, Passos Coelho em provocação despudorada se referia ao risco de hipotéticos tumultos, avisando os sindicatos e que ainda ontem se referiu a confrontações - deveria de reflectir agora sobre estes acontecimentos e proceder em conformidade, ou seja, dar caça aos terrorisras que obrigaram a 40 intervenções da PSP num só dia.
É bom que o faça, e a tempo de evitar que alguém tresloucado, apareça a matar com tiros nos cornos, os principais do Grupo Jerónimo Martins, a exemplo do que já aconteceu na Polónia.
Se o Pingo Doce, tinha assim tanta mercadoria a mais, teria sido muito mais saudável cooperar com a CARITAS ou outras instituições equiparadas, que apesar da desgraçada caridadezinha, teriam dado melhor e mais digno uso a tais excessos.
Mas infelizmente os amigos de Passos Coelho, quase todos cristãos, parecem que são o produto de más catequeses, ministradas por sinistros catequistas.
- Ganhe tino ! Srº 1º Ministro.