Foi usado como desinfectante pelos bombeiros da Régua, conta a peste pneumónica, e nenhum foi infectado.
Os bombeiros da Régua utilizaram o vinho do Porto para combater a peste pneumónica há um século.
O vinho foi utilizado como desinfectante e parece ter resultado, já que nenhum deles foi contaminado.
A história foi contada por um dos bombeiros da época, António Guedes, num jornal, na década de 60 e é agora recordada pelo presidente da Federação Distrital de Bombeiros de Vila Real, Alfredo Almeida, a propósito da pandemia da Gripe A.
Alfredo Almeida contou à agência Lusa que, na altura da peste pneumónica, os bombeiros da Régua desempenharam um papel «importante no apoio sanitário aos infectados e viveram, sem alarmismos, os momentos mais críticos deste nefasto acontecimento».
«Ainda não existiam ambulâncias na corporação, e éramos nós bombeiros, que com macas portáteis, íamos buscar os doentes a suas casas e os transportávamos para o hospital», sublinhou.
Da «improvisação» aos planos de contingência .
Ao jornal Arrais, na década de 60, o bombeiro António Guedes (que na altura da peste pneumónica tinha 24 anos), relata que os bombeiros eram sujeitos a forte desinfecção com vinho do Porto, sempre que transportavam algum doente.
«E recordo-me muito bem que, dessa desinfecção, constava um 'medicamento', um 'antibiótico' muito agradável, que era o vinho do Porto.
O primeiro gole seria para bochechar e deitar fora e o restante conteúdo do cálice (bem grande, por sinal) era para ingerir», salientou.
Alfredo Almeida disse desconhecer quantas pessoas a pneumónica vitimou no concelho do Peso da Régua, mas, referiu que de Norte a Sul do país, «terá implicado perto de 150 mil casos mortais».
«A ser verdade, e não temos razões para duvidar, os efeitos do vinho do Porto, como poderoso desinfectante, talvez pelo seu teor alcoólico, terá resultado em 1918 como uma boa medida de prevenção ao vírus da gripe», sublinhou.
Alfredo Almeida referiu, à Lusa, que, há um século, «se viveram tempos de alguma improvisação».
Agora, para combater a Gripe A, os bombeiros da Régua já têm um plano de contingência mas, de acordo com o responsável, continuam a ter uma garrafeira onde existem, claro está, muitas garrafas de vinho do Porto.
«Não há razões para haver pânico.
Estamos preparados com máscaras ou desinfectantes, com os meios necessários para e se a crise sanitária nos atingir», sublinhou.