Grupo de Baile - Estória Linda (Single) (1982) *fraty*Interprete : Grupo de Baile
Album : Estória Linda (Single)
Ano : 1982
Género : Rock
Ficheiros : 2
Codificação : MP3
Velocidade de Bits : 320
Qualidade : Boa
Extras : Sim
Lado A
01 - Estória Linda
Lado B
01 - Conversa de Comadres
Mais uma vez tenho de agradecer a quem me manda alguns "presentinhos",para o meu email.Obrigado Luis.
Tirei este texto dos anos 80 do Sapo,que alem de "um pedaço de história",tambem nos relembra....Texto de António Luís Cardoso (o seu a seu dono).
A vida corria bem para o Grupo de Baile naquele ano de 1981. Já não eram apenas o grupo de amigos que se conheciam desde a infância (1), dos tempos em que tocavam na filarmónica da terra, nem sequer aquela banda que corria pelo circuito dos bailes com umas rocalhadas importadas do estrangeiro. As 99 mil cópias do single "Patchouly/Já Rockas à Toa", lançadas em Janeiro no mercado, foram consumidas vorazmente. As que traziam o "piiiiii" sobre a palavra "pentelho" e as em que se ouvia tudo. O Grupo de Baile fez disco de ouro em apenas um mês. Foi tiro e queda. Primeiro o tiro, depois a queda.
Quase dois anos depois, mesmo tendo gravado um novo single, "Estória Linda", o Grupo de Baile não voltou a ter o mesmo sucesso (2). Volatizaram-se. Viveram a mesma história que muitas outras bandas nascidas durante o "boom" do rock português, na euforia daqueles anos de 1980 a 1982, em que o panorama musical explodiu de uma tal forma que só podia mesmo vir depois a implodir.
Alguns anos antes e nunca se poderia ter gravado em Portugal uma música como o 'Patchouly'", explica o ex-vocalista do Grupo de Baile, Carlos Tavares.
"O 'boom' foi também muito incentivado pelas editoras, porque isso lhes dava uma maior escolha sobre aquilo que decidiam gravar ou não. Quantas mais houvesse, mais havia por onde escolher", afirma Carlos Tavares. Esta ideia é corroborada pelo guitarrista, Vicente. "Em Portugal as coisas funcionam assim: alguém experimenta uma coisa com sucesso e, de repente, parece que se descobriu a pólvora. Foi assim com o 'boom'. Apareceu o Rui Veloso com o 'Chico Fininho' e de repente percebeu-se que era possível fazer rock em português".
Toda a gente andava a querer e a conseguir gravar, e o Grupo de Baile recebeu o bilhete que os transportaria para o sucesso. "Embarcámos naquilo sem qualquer pretensiosismo, mas com a intenção de ir ver no que é que dava", esclarece o baterista, Luís Rosado. A Valentim de Carvalho convidou-os a gravar alguns dos temas originais que já tinham composto. "Tivemos hipóteses de impôr logo ali as nossas regras, mas não o fizemos", recorda Carlos Tavares. "Já éramos adultos nessa altura, mas nas coisas da música éramos mesmo uns miúdos" desabafa Luís Rosado.
Quando o quiseram fazer, pouco mais de um ano depois, perceberam que não podiam. Não eram essas as regras do jogo. "A certa altura quisemos deixar de ser os tais meninos e impôr as nossas escolhas à editora. Dissemos quais as canções que queríamos pôr num LP e quais é que queríamos que fossem lançadas em singles e a resposta foi um peremptório não. 'Nós é que sabemos disto, vocês editam aquilo que nós vos dissermos', foi a resposta", recorda Carlos Tavares. "Aquilo era espremer o limão até dar. Fomos chupados até ao tutano", reitera Vicente, defendendo que o Grupo de Baile teria tido, eventualmente, maior longevidade "se tivesse sido lançado um bocadinho mais por baixo e lhe tivesse sido dado tempo e estruturas de produção para crescer".
O Grupo de Baile foi, com "Patchouly", um dos casos de maior sucesso, não só do 'boom', como também da história do rock português. A exemplo de outros casos, não conseguirão outro êxito tão retumbante com o single seguinte. "Estória linda" passará mesmo despercebido e a banda não consegue convencer a editora a gravar mais. Mas a História estava conquistada e o imaginário colectivo nacional lembra bem o 1.º single e um célebre "beep"...