Maria Nazareth Alvim de Barros - Deus Reconhecerá os seus
A História Secreta dos Cátaros (2007) Título Deus Reconhecerá os seus A História Secreta dos Cátaros
Autor Maria Nazareth Alvim de Barros
Gênero Religioso
Editora Rocco
Idioma Português
Numero de paginas 317
Ano de Lançamento 2007
Não é de hoje que a Igreja Católica perde seguidores para outras religiões. Na Idade Média, o movimento conhecido como catarismo surgiu na Europa, especialmente no Sul da França, e se tornou uma ameaça à hegemonia do cristianismo de Roma. Em Deus reconhecerá os seus, Maria Nazareth Alvim de Barros traça um perfil dos cátaros, considerados hereges pelos representantes do catolicismo, e mostra a luta entre eles e os católicos tradicionais pelo domínio da fé em território francês.
Nos séculos XI e XII, o catarismo tomou forma de religião no Sul da França, tendo a conivência dos senhores feudais e exercendo influência social e política sobre a região. Os cátaros se viam como os verdadeiros sucessores dos apóstolos e divulgavam que o seu cristianismo era o autêntico, enquanto o de Roma não passava de uma manifestação do Diabo. Com uma face reformadora, o movimento pregava o retorno ao evangelismo primitivo, enfatizando a pobreza pessoal e a ausência de hierarquias clericais, em detrimento do acúmulo de bens e de poder tão valorizado pela Igreja Católica na época. Seus seguidores também praticavam a castidade e ajudavam doentes e necessitados.
Para combater o avanço dos cátaros, os líderes católicos pressionaram os nobres e a população com ameaças de excomunhão, interdição de cidades que abrigassem hereges, confisco de bens dos que os protegessem e condenação dos infiéis à morte, entre outras punições. Mas os hereges ostentavam uma religiosidade inatacável, sendo respeitados por senhores feudais, pela opinião pública e até mesmo por praticantes do catolicismo. Mesmo o rei de Aragão, Pedro II, e o conde de Toulouse, Raimundo VI, eram tolerantes em relação ao catarismo, apesar de terem fortes laços com a Igreja de Roma.
Com a nomeação do papa Inocêncio III, a luta contra a heresia se intensificou. Após dez anos de tentativas inúteis de acabar com os cátaros, foi organizada a Cruzada Albigense, liderada espiritualmente por Arnaldo Amauri, abade de Cister. Em junho de 1209, a expedição partiu em direção ao Languedoc, no Sul da França, e tomou cidades coniventes com o catarismo, como Béziers, Carcassonne e Castellar. A cruzada chegaria ao fim em 1224, após massacrar milhares de pessoas. Em alguns lugares, como Béziers, católicos e hereges foram mortos – diante da dificuldade de distinguir quem pertencia a qual grupo, Arnaldo Amauri ordenou que eliminassem todos os habitantes, justificando: "Deus reconhecerá os seus."
Poucos anos antes de a Cruzada Albigense começar a dizimar os hereges, Raimundo de Péreille, senhor de Montségur, atendeu ao pedido de representantes cátaros do condado de Toulouse e reconstruiu o castelo de Montségur, transformando-o em refúgio para os seguidores do catarismo. Dessa forma, o movimento conseguiu sobreviver ao fim da expedição católica. Em 1226, a Igreja Cátara estava organizada novamente, graças ao trabalho do bispo Guilhabert de Castres. Mas o nascimento da Santa Inquisição, em 1233, marcaria o fim do catarismo. A caça aos hereges durou até a última fogueira, acesa em 1321.