Fernando Pessoa por Paulo Autran (2005) *fraty*Autor : Fernando Pessoa
Interprete : Paulo Autran
Album : Fernando Pessoa por Paulo Autran
Ano : 2005
Género : Declamação\Poesia
Ficheiros : 15
Codificação : MP3
Velocidade De Bits : 320
Qualidade : Boa
Extras : Sim
LADO A
01 - Palavras de Pórtico (Fernando Pessoa)
02 - Isto (Fernando Pessoa)
03 - Poema em linha recta (Álvaro de Campos)
04 – Todas as cartas de amor... (Álvaro de Campos)
05 - Dobrada à moda do Porto (Álvaro de Campos)
06 - Ai,que prazer... (Fernando Pessoa)
07 - Olá,guardador de rebanhos... (Alberto Caeiro)
08 - Ontem à tarde... (Alberto Caeiro)
09 - Não a ti,Cristo... (Ricardo Reis)
10 - Autopsicografia (Fernando Pessoa e Alberto Chicayban)
LADO B
01 - Tabacaria (Álvaro de Campos)
02 - Vivem em nós inúmeros... (Ricardo Reis)
03 - Se eu morrer novo... (Alberto Caeiro)
04 - Tudo que faço ou medito... (Fernando Pessoa e Alberto Chicayban)
05 - Para ser grande,sê inteiro... (Ricardo Reis)
Affonso Romanno de Sant'Anna,descreveu e muito bem Paulo Autran aquando da saida deste mesmo trabalho sobre Fernando Pessoa...
"A voz de Paulo Autran,como a de Orfeu,está a serviço da sedução e da poesia.Ouvi-lo é mais que ouvir meio século de teatro no Brasil, é ouvir a voz intemporal que une a Grécia aos dramas tropicais. Ao gravar Fernando Pessoa continua seu trabalho poético-teatral que há décadas vem reunindo Drummond e Gonçalves Dias. Aqui, a doçura de sua voz, a fúria de sua voz, o drama de sua voz, a ironia de sua voz fazendo falar a ironia, o drama, a fúria e a doçura de Pessoa e todos nós. O gesto da voz. O gesto na voz. O corpo ausente, a voz flutua, emerge, irrompe, atalha, pontua. A voz pura, como a poesia, dizendo-se a si mesma. "Ode triunfal", por exemplo,é uma aula magna de dicção,de sonoridade,significados e inflexões. Neste século em que a poesia tornou-se por demais gráfica e opaca, a voz de Paulo Autran recupera o sentido oracular do mistério poético, e quando interpreta "Pessoa"...ainda maior se transforma"....
Mas deixem-me ainda apanhar umas palavras do Thiago Kalu...
Abrir uma exceção para tratar de um outro assunto não ferirá ninguém. Esqueçamos a música e pensemos em um outro registro sonoro: a poesia falada, ou melhor, falada e gravada. O disco “Fernando Pessoa por Paulo Autran” (EG Produções, 2005)¹, de Paulo Autran (1922 – 2007), é justa e simplesmente um apanhado de textos poéticos de Fernando Pessoa (1888 – 1935) na interpretação do “Senhor dos Palcos”. Os textos selecionados são "cartas marcadas" do acervo poético em língua portuguesa, a exemplo de "Vem sentar-te comigo, Lídia", "Autopsicografia", "Cruz na porta da tabacaria" e "Grandes são os desertos", entre outros. No total, são 17 faixas de poesias recitadas que, por alguns motivos, trazem uma longa viagem no tempo.Em primeiro lugar, porque a oralidade secular da aura poética é absolutamente resgatada e, por mais que seja possível ouvir o mesmo trecho de uma mesma poesia e do mesmo modo um milhão de vezes, algo praticamente inconcebível no tempo dos poetas oradores, o mistério continua lá, impregnado no próprio registro. Isso ocorre porque Autran, mesmo pontuando, flutuando, cansando, calando e etc., possibilitou que a sua interpretação fosse apenas mais uma e, principalmente, sua; ou seja, a dramaticidade do ator carioca não “mastigou” a beleza da poesia de Pessoa. É lógico que a criação de imagens precisa seguir a métrica criada pela interpretação do registro e a ausência do corpo, sem qualquer trocadilho indecoroso, pode deixar os menos atentos com os olhos perdidos, já que todos os gestos estão apenas na voz.O segundo fator da viagem no tempo tem relação direta com facilidade de desvio de atenção. A densidade do disco requer uma concentração muito grande. Não dá para arrumar o quarto enquanto o CD toca. Para cada vez que se aperta o botão “pausar”, é necessário ouvir a faixa novamente e vale enfatizar que, no trabalho de Paulo Autran, os clássicos de Fernando Pessoa “Ode Triunfal” e “O Guardador de Rebanhos - VIII”, por exemplo, duram cerca de 11 e 7 minutos, respectivamente. Para os menos ligados à poesia, seja falada ou escrita, a probabilidade que o disco tem de ser realmente ouvido por inteiro é mínima. A saída é apreciá-lo aos poucos: três faixas em um dia, outras duas dias depois e assim, por um bem matemático, a última faixa chega.Já para os mais apaixonados pela arte de versar,seria melhor que este texto terminasse no parágrafo anterior.
Tenho dito.