Clã - Kazoo (1997) *fraty*Interprete : Clã
Album : Kazoo
Ano : 1997
Género : Pop
Ficheiros : 13
Codificação : MP3
Velocidade de Bits : 320
Qualidade : Boa
Extras : Sim
01 - A Grande Pirâmide
02 - O Hábito Do Monge
03 - GTI (Gentle, Tall & Intelligent)
04 - Código De Barras
05 - Loja De Porcelanas
06 - O Meu Estilo
07 - O Problema de Expressão
08 - Melancholia
09 - I'm Free
10 - Abas Do Vento
11 - Sem Freio
12 - Cromo
13 - Caubói Solidário
http://img189.imageshack.us/img189/2840/clkazoo1997capafraty.jpg Fui buscar à critica do Jorge Manuel Lopes para a Blitz (o seu a seu dono),as palavras que espelham muito bem este album e o grupo.
Na verdade, é tudo bem simples. O salto efectuado pelos Clã desde «LusoQualquerCoisa» até «Kazoo» é o que separa um agradável disco de temas com organizados encaixes de jam sessions funk, de uma obra versátil e plural, repleta de canções pop minuciosamente escritas, predestinadas a serem simples. Canções para agarrar os nossos sentidos. «Kazoo» tem ar de peça única.
Posso até dar exemplos. Como «A Grande Pirâmide», canção de várias cores, guiada por uma guitarra áspera e lúdica, coisa concisa mas com delicada corrente secundária de absurdo lúcido. Ou o primeiro single, «GTI (Gentle, Tall & Intelligent)», pop resplandecente que, dos acordes à construção versos macios/refrão explosivo, é uma curiosa citação de «Lithium», dos Nirvana, e que também contêm um portentoso refrão, solo de órgão barroco e uma discreta referência a «I'm Too Sexy», dos Right Said Fred. Mirabolante bom gosto!
E se falo de simplicidade, posso também mencionar as letras, todas de Carlos Tê. (Reparem no "best of" técnico de«Kazoo»: Tê e Mário Barreiros na produção, Marsten Bailey nas misturas. Ouve-se e nota-se). Continuam a parecer tão fáceis, tão fluentes como se fosse a gente a falar, mas também sentimos que não há muito mais gente a sentir e a pensar e a escrever em português como este senhor. Especialmente os sentimentos, mais estes do que as observações irónicas à modernidade, que por vezes dão um ar simpaticamente anacrónico de um quarentão a escrever de e para vintões.
Posso até dar mais exemplos. A simples e tocante balada «Loja de Porcelanas», e a entoação vocal a ir buscar Rui Veloso em 82 em «Guardador de Margens». A bela e triste melodia pop-soul-ligeira-atmosférica azul-escuro de «Problema de Expressão», o novo single, mais umas sombras de ambientes trip hop. Há também o desbragado romantismo acelerado de «Abas do Vento», e aquela preciosidade chamada «Sem Freio», que alberga umas preciosas quadras centrais, em memoráveis sucessões de notas de uma melancólica soul-branca de entardecer, de fim de Verão e dos seus amores.
E podia até mencionar outros bens essenciais deste disco - «Código de Barras», tensão; «Melancholia», bossa-nova mais fado mais contemporaneidade; «Caubói Solidário», desconcertante vaudeville-folk-western. «Kazoo» quer dizer amadurecimento, sapiência, seis pessoas no bom caminho.