José Afonso - Traz outro amigo tambem (Reedição CD 1970 - 1987) *fraty*Interprete : José Afonso
Musicos : Carlos Correia,Filipe Colaço
Album : Traz Outro Amigo Também
Ano : 1970 - 1987
Género : Popular\Intervenção
Ficheiros : 11
Codificação : MP3
Velocidade de Bits : 320
Qualidade : Boa
Extras : Sim
01 - Traz Outro Amigo Também
02 - Maria Faia
03 - Canto Moço
04 - Epígrafe para a Arte de Furtar
05 - Moda do Entrudo
06 - Os Eunucos
07 - Avenida de Angola
08 - Canção do Desterro
09 - Verdes São os Campos
10 - Carta a Miguel Djéje
11 - Cantiga do Monte
Mais um do Sr. José Afonso.
Fui "beber" novamente ao "ratosreturn" (o seu a seu dono),para vos dar mais alguma informação à cerca deste álbum em particular.
Zeca Afonso tem 40 anos quando grava este album nos estúdios da Pye em Londres, no alvorecer da década de 70. A sua voz nunca esteve tão cristalina e o seu canto tem o condão de nos tocar bem fundo, num misto de emoções que o tempo não consegue apagar.
No texto de apresentação, Bernardo Santareno realçava a 'pureza' como 'a nota maior' da arte de Zeca. Pureza é, de facto, a palavra exacta para definir este disco, um imenso poema de fraternidade a que não falta a raiva de quem se sabe cercado. Uma raiva que tem a sua expressão mais evidente nas interpretações de Os Eunucos (cuidadosamente subintitulada No reino da Etiópia, numa tentativa de dar a volta às malhas apertadas da censura) e do soberbo e angustiante poema de Jorge de Sena, Epígrafe para A Arte de Furtar.
“Traz Outro Amigo Também” não pôde contar com a participação de Rui Pato, entretanto mobilizado para a tropa e com o passaporte apreendido pela P.I.D.E.. Em seu lugar estão Carlos Correia (Bóris) e Filipe Colaço. As referências a África surgem, pela primeira vez, no trabalho de Zeca (em Avenida de Angola e Carta a Miguel Djéje), a par de temas como a emigração e o exílio (Canção do Desterro), de canções populares (Maria Faia e Moda do Entrudo) e de uma nova viagem pelos domínios camonianos (Verdes São os Campos). Incómodo e belíssimo, “Traz Outro Amigo Também” assume-se como um disco de grande maturidade, através do qual, se dúvidas ainda restassem, se tornava claro que já tudo era diferente na música portuguesa. A prova, de resto, fora dada no ano anterior a este disco, durante um programa de televisão igualmente histórico, o 'Zip Zip'. Onde Zeca, curiosamente, nunca participou...
É durante a estadia em Londres que José Afonso conhece Caetano Veloso e Gilberto Gil, ambos exilados nessa altura na capital londrina. Rezam as crónicas que Gil foi testemunha assídua no estúdio e que aí aprendeu e reconheceu o grande mérito das canções do Zeca. E também que este teria improvisado a música para “London London” durante um jantar num restaurante português. Caetano agradeceu pois andava atrapalhado para compor uma música que ilustrasse a sua estadia em Londres.
A Casa da Imprensa distingue uma vez mais o novo trabalho como disco do ano, além de atribuir a José Afonso o prémio Honra «pela alta qualidade da sua obra artística como autor e intérprete e pela decisiva influência que exerce em todo o movimento de renovação da música popular portuguesa».