Que comentário é este? Deveria haver mais respeito por aquela que levou mais longe o nome de Portugal. Aliás, Amália gravou muitos discos com fados e canções de outros artistas, para serem vendidos somente no estrangeiro ou quase. De qualquer das maneiras é bom que haja um pouco de respeito nos comentários que se fazem. Além de ser bonito, o respeito merece também respeito, o que não deixa de ser igualmente bonito. Obrigado, no entanto, pelo "single".Quando leres com atenção aquilo que escrevi,verás que não disse mal da "Diva",em qualquer sentido.
Amália foi uma grande cantora, de talento indiscutível, no entanto era uma pessoa e como tal, tinha qualidades e defeitos. O fado surgiu nos bairros pobres de Lisboa no século 19, inicialmente como música de sátira política e contestação social, era um gênero "maldito", música do povo pobre, no entanto, tal como outros géneros musicais de raiz popular no mundo (como o tango, o jazz e o rock, por exemplo), acabou "absorvido" pelas elites e inclusive institucionalizado pelo Estado Novo. A ditadura incentivava o fado como uma forma de anestesiar a luta e incutir um sentimento de resignação e conformismo nos cidadãos. O papel de Amália no período ditatorial é no mínimo dúbio e polêmico. José Mário Branco disse no documentário da RTP "Estranha Forma de Vida" que enquanto´muitos de "nós" (ele, JM Branco, Zeca Afonso, Sérgio Godinho, Luis Cilia, Adriano Correia de O., Carlos Paredes, etc) combatíamos o regime, a Amália funcionava como uma especie de embaixadora oficial do Estado, dando um verniz de normalidade a um sistema fascista - talvez ela tenha se deixado usar inconsciente ou não.... outros alegam que ela ajudou inclusive com dinheiro pessoas perseguidas pela ditadura e membros do PCP. Ela era amiga e cantou vários temas compostos por José Carlos Ary dos Santos, que entre tantas coisas foi membro do PCP. Enfim, dito tudo isso, não fosse o facto do Zeca Afonso não ter gostado que a Amália gravasse suas músicas, diria que é uma das versões mais belas e emocionantes do Grándola.Sabes....fizeste a muitas boas pessoas........um "touché".
Obrigado pela partilha! :)
Um novo link se for possível fraty!Feito.
Obrigado!
Para os mais jovens e para os menos jovens mas "esquecidos" a trilogia do País era fado, fatima e futebol (amalia rodrigues, nossa senhora de fátima e eusébio). Estou firmemente convicto que a amalia gravou este single por uma "obrigação" e não por devoção. Se bem se lembram até Carlos do Carmo deixou de cantar num periodo determinado a seguir à revolução pois era "inconveniente" escutar fado e ele raramente passava em certas rádios. José Manuel Osório lancou um LP politico fantástico em ritmo de fado "por quem nunca combateu" e lá pode ler-se (em 1975):Agradeço-te o facto de dares mais um pedaço de informação,e assim tambem o tópico ficar mais "aconchegado".
Uma das vozes mais activas em defesa da Fado após o 25 de Abril de 1974, após algumas vozes dissonantes em que repudiavam este género tradicional por se ter acomodado à politica do Estado Novo. Trinta anos mais tarde, Osório foi um nomes que encabeçaram uma lista de artistas e intelectuais que trabalharam em prol do Fado como Património Imaterial da Humanidade. O curioso neste LP é estar dividido em 2 partes. O Lado A intitula-se "Por Quem Sempre Combateu" e o B como "Quadras Populares". Para quem não estivesse a par da questão do Fado como parte da cultura portuguesa após a Revolução de Abril, o próprio José Manuel Osório assinava um texto introdutório que começa assim: " Este disco surge numa altura em que muito se discute sobre a validade ou não validade do Fado. Na minha opinião as questões têm sido postas de maneira errada. Não é o Fado que deve ser posto em causa mas sim o que alguns fizeram dele. Este disco longe de dar uma resposta definitiva aponta uma saída possivel. Várias coisas haverá ainda a fazer. Não chega rever o fado ao nível do texto. Novas experiências musicais poderão e deverão ser tentadas. Este disco surge ainda depois de cinco anos de silêncio da minha parte. Muito pressionado pela censura e pelas firmas por onde passei tornou-se-me impossivel a dado momento gravar fosse o que fosse. O que não era cortado pela censura oficial era recusado pela "censura interna" das etiquetas gravadoras. Bom, mas o que lá vai, lá vai. Para este disco fui buscar músicas tradicionais, o que se chama "Fado Clássico". Os poemas são da responsabilidade de duas pessoas, dois amigos, dois camaradas. Francisco Viana e Manuel Correia..." Participação musical nas guitarras de António Chainho / Arménio Melo e nas violas de Martinho d'Assunção / Vital d'Assunção e José Maria Nóbrega.
O mundo dá tantas voltas......
meu caro fratyMeu caro José,como eu costumo dizer......manda vir...he he.
possuo a obra quase completa do jose manuel osorio, se precisares é só pedires. alguns eps não tinham aquela qualidade desejada mas quem não tem cão caça com gato. e foram gravados de vinil para cd sem truques nem ajudas electrónicas.
ele é um dos muitos nomes esquecidos da nossa música de intervenção a par de afonso pais, alberto julio, alvaro de oliveira, antonio macedo, antonio pedro braga, carlos alberto moniz (tem coisas muito boas de indole politica), daniel, francisco naia, jose campos e sousa, jose matildes, julia babo, luisa basto (tem coisas fantásticas), maria guinot (porque não ?), rita olivaes, samuel e muitos outros.
um abraço
jose mario